Por Eudmarly Sena
Na pregação fazemos eco à Palavra de Deus, somos meros imitadores
do que já foi dito. Destarte, o ponto da pregação será repetirmos a verdade de
Deus já expressa. A preocupação que o pregador precisa ter é justamente esta, a
de ecoar a Palavra de Deus, sendo apenas o repetidor, desta feita fica claro o
seu papel de coadjuvante e não o principal.
A palavra de Deus é verdadeira, e tudo o que o pregador faz é
ecoar a verdade dela na medida que a expõe, essa Palavra que é o caminho para a
vida eterna (Jo. 5.39). Uma vez que o pregador é um eco, ou seja, tudo o que
ele faz é reiterar o que Deus já disse outrora, ele está se comprometendo e comprometido
com a verdade inalienável de Deus e com os valores e princípios de sua santa
Palavra. Assim o pregador se configura um portador da verdade divina revelada
nas Escrituras.
O “pregador eco” é um pregador que tem consciência do papel de
coadjuvante, ele reconhece que não tem voz, é um repetidor. Quando dizemos que
alguém precisa “ter voz”, estamos sugerindo que ele se faça aparecer, que se
imponha perante a situação ou diante de outrem, ou seja, ele precisa ter papel
principal. O pregador bíblico sabe e reconhece seu papel de coadjuvante, tudo o
que faz é para glória de Deus (ICo. 10.31), seu papel não é o principal, é,
sim, o de coadjuvante.
Na contramão do “pregador bíblico” está o “pregador retórico”,
aqui preciso deixar claro quanto ao último. Como “pregador retórico” me refiro
àquele que simplesmente tem a retórica como artifício para não fazer eco a
Palavra de Deus.
Já ouvir certo pregador (pregador?) falar que nunca se interessou
em fazer curso de teologia, mas que
tinha um enorme interesse por curso de retórica, essa era a paixão dele, disse.
Como ele há tantos outros que em detrimento do conhecimento bíblico fazem da
retórica um fim em si mesma, o que acaba falseando a Palavra de Deus com suas
elucubrações tolas, mas que embriagam os ouvintes que, assim como o pregador, não
são zelosos da Palavra de Deus, contrapondo seu próprio Deus que é zeloso. (Ex. 20.5)
Em primeiro lugar a retórica não tem a tarefa de ensinar e
instruir acerca da verdade e princípios, disso estavam persuadidos tanto Platão
quanto Aristóteles, para eles isso era tarefa própria da filosofia, por um
lado, e das ciências particulares, por outro. Em segundo, o alvo da retórica é “persuadir”,
mais especificamente descobrir quais são os modos e os meios para persuadir.
Ela procura lançar meios com intenção de convencer os homens partindo de
opiniões prováveis.
Não é possível que um pregador que lance mão de meios escusos
possa ser considerado bíblico, uma vez que não tem preocupação com a verdade,
mas tende a impressionar o público que lhe ouve. O pregador retórico tira da Palavra
de Deus conclusões rápidas, apressadas e precipitadas, blasfemas e etc.,
omitindo ou ignorando a mediação lógica pelos motivos apresentados, resumindo
fica “sem pé nem cabeça”. Talvez por isso os tais tenham predileção pela
pregação temática. Observo que nem toda pregação temática, ela necessariamente
seja usada por um pregador retórico, por outro lado, é verdade que todo
pregador retórico utiliza a pregação temática necessariamente.
O pregador sendo um eco, o qual é bíblico, tem a preocupação de
como ensinar e instruir acerca da verdade e dos valores bíblicos, ponto que o pregador
retórico não possui, pois, sua única preocupação é persuadir, e para isso
utiliza meios escusos para, por fim, ludibriar.
O pregador retórico requer atenção para si, ele não é um eco
e nem deseja ser, ele é a voz original que elucubra seduzindo a massa que por
sua vez não está preocupada com a verdade, mas se atém ao jogo de palavras
utilizada pelo tal “pregador”. E, reconheçamos, de forma brilhante eles têm constante
sucesso, sempre que nos deixamos seduzir pelo estilo, apresentação e fala em vez
da mensagem em si mesma.
A verdade é que precisa sobressair na pregação, ela é de Deus,
vem de Deus, o pregador deve ser eco, reproduzir a mensagem divina com temor e
tremor, é Deus quem deve aparecer. Ao expormos a Bíblia preocupados com a
verdade nela revelada, Deus é quem fala, e é a fala que necessitamos ouvir, é a
voz de trovão e como de muitas águas que deve “assolar” em nossos púlpitos até
os ouvidos e corações dos cristãos.
O pregador retórico não quer ser eco, ele quer se fazer ouvir,
ele quer aparecer, ele quer ser “a voz”. O pregador bíblico procura ser eco, ele
não inventa tesouros na Palavra de Deus, ele as descobre e replica ao povo
necessitado de ouvir a voz de Mestre, pois Deus falou ontem, fala hoje e continuará
falando, pois ainda temos muito pregadores bíblicos que são ecos de Deus a uma geração
pecadora que precisa de arrependimento. Quantos aos “pregadores retóricos” a igreja
precisa cada vez menos deles.
Na pregação seja um eco e não uma voz!
Cirúrgico mestre, tantas verdades em um texto só pode vir de um coração sábio e temente à Deus. que ele continue lhe usando como canal de bênção nessa geração.
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