sábado, 4 de maio de 2019

O Pecado de Julgar os Outros.





Breve reflexão sobre Tiago 4.11-12

                                                           By  Eudmarly Sena
Introdução

Há aqui um alerta acerca do abuso da língua. Nesse caso o murmurador até se sobrepõe à lei, passa de observador para juiz. Tiago faz um alerta aos próprios irmãos que se deixam levar por este mal, ele fala em tom de perplexidade “irmãos”. Parece que estes, os irmãos a quem a carta é endereçada, abusavam demais do mau uso da língua, pois o assunto na carta é recorrente. Porém o autor também fala em tom imperativo “não faleis mal uns dos outros”, pois quem assim procede faz-se o padrão maior para julgar, um legislador. No entanto, Tiago lembra que “há só um legislador” v.2, e que nós, meros mortais, nada somos, isso é o que sugere ao indagar “quem és, que julgas o próximo?”. Estamos diante de um grande pecado quando falamos dos outros em tom de condenação.

v.11
Tiago emprega uma palavra katalaleite, (significa falar contra, difamar) para expressar a ideia de murmurar a respeito dos outros. “É aplicado usualmente a palavras ásperas acerca de uma pessoa ausente”.1 “Geralmente este verbo significa falar mal de alguém que está ausente, criticá-lo, insultá-lo, caluniá-lo sem que esteja presente para defender-se”.2 É um pecado condenado em toda a Bíblia: Sl 50.20; 101,5. Barclay lembra que “nas cartas paulinas katalalia, o substantivo, é, traduzido como maledicência, murmuração”. Paulo temia encontrar esse mal na igreja de Corinto (II Co12.20), e lista entre eles os pecados de um mundo sem Deus (Rm. 1.30). É o pecado daqueles que se reúnem em pequenos grupos e circulam informações fragmentadas, recebidas de outros, que destroem a reputação e o bom nome dos outros, e ainda com um agravante; a de que a pessoa não está presente para se defender.

v.12
Aqui nos é lembrado que apenas um, o qual é Deus, é Legislador e tem poder de julgar e condenar verdadeira e retamente, tanto salva quanto destrói, e que nós, seres humanos falíveis, devemos nos colocar no lugar que nos compete e manter distância do lugar que não nos cabe. Quem se ver no direito de sentenciar está usurpando algo que só pertence a Deus, o poder de salvar e destruir. Esta prerrogativa, própria de Deus, está declarada em toda a Escritura: “Eu mato e eu faço viver”
(Deuteronômio 32:39). “O SENHOR é o que tira a vida e a dá”, confessa Ana em sua oração (I Samuel 2:6). “Acaso, sou Deus com poder de tirar a vida ou dá-la?”, pergunta surpreso um rei israelita a quem Naamã foi em busca de cura para sua lepra (II Reis 5:7).
“É provável que digamos que falar mal de nosso próximo não é um pecado muito sério. Mas a Escritura diria que é um dos piores pecados, porque ao cometê-lo quebrantamos a lei real usurpando direitos que unicamente pertencem a Deus.”3

Síntese
Observamos que esse tipo de julgamento entre os irmãos é condenável por várias razões, mas poderíamos, de acordo com o que Tiago expressa, ter duas razões principais:
(1) É uma infração a lei real.
(2) É uma violação da prerrogativa de Deus.

Conclusão
Julgar a outro é usurpar um direito que pertence exclusivamente a Deus; e todo homem que, de forma deliberada e proposital, infrinja as prerrogativas de Deus é um tolo insolente.

"A crítica perde o efeito negativo quando primeiro
uso a língua em benefício da edificação do próximo." (Helgir Girodo)


1 Fritz Rienecker & Cleon Rogers, “Chave Linguística do Novo Testamento”, p. 547.
2 Willian Barclay, “O Novo Testamento Comentado”, Tiago, p. 128.
3  Idem. p. 130.

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