quinta-feira, 23 de setembro de 2021

DOUTRINA DA CONVERSÃO: UMA ABORDAGEM PRÁTICA E PASTORAL

Pastor Abraão de Almeida - Seminário Teológico - Teologia Sistemática 

 

Por Eudmarly Sena

INTRODUÇÃO

Na decisão inicial de crer, onde se agarra a Cristo com a mão vazia da fé, sim, é nesse momento em que o pecador que predestinado em Cristo, antes preocupado apenas consigo mesmo, é capturado pela salvação de Deus. Vemos aqui a beleza orquestração divina: a conversão.

Cristianismo sem a devida conversão não é, de forma alguma, cristão.

DEFINIÇÃO

Conversão, segundo a definição mais simples, é abandonar o pecado e aproximar-se de Deus. (Atos 3:19.) O termo é usado para exprimir tanto o período crítico em que o pecador volta aos caminhos da justiça como também para expressar o arrependimento de alguma transgressão por parte de quem já se encontra nos caminhos da justiça. (Mt. 18:3; Lc. 22:32; Tg. 5:20.).[1]

Conversão é aquela mudança voluntária na mente do pecador em que ele dá as costas para o pecado, por um lado, e se vira para Cristo, doutro lado. Podemos considerar o primeiro ato como um elemento negativo da conversão. E o segundo, podemos tê-lo como um elemento positivo. “Conversão é o lado humano ou aspecto daquela mudança espiritual fundamental, que, vista do lado divino, chamamos regeneração”.[2]

 

VERDADES BÍBLICAS PRÁTICA ACERCA DA CONVERSÃO


 1. A CONVERSÃO ENVOLVE VIRAR-SE DO PECADO, O QUE O HOMEM POR NATUREZA NÃO PODE FAZER.

O homem natural não pode reformar sua vida até um certo ponto: pode virar-se de algumas formas de pecado; mas naturalmente não pode alterar a disposição de sua natureza, a qual é propensa ao pecado. Isso é demonstrável em Jeremias. 13:23: ““Será que o etíope pode mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Se fosse possível, também vocês poderiam fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.” O pecador está sempre inclinado a fazer o mal, portanto, é-lhe impossível deixar a prática do pecado, salvo se a sua disposição pecaminosa mude. Assim como é para o mais preto dos negros fazer-se branco, ou o leopardo despir-se do seu manto malhado, também ao homem é impossível mudar sua inclinação para o mal.

“A conversão engloba nosso comportamento e o que somos em Cristo. Refere-se principalmente, ao repúdio ao pecado e à confiança em Jesus.”[3]

2. A CONVERSÃO É AGRADÁVEL A DEUS E O HOMEM NATURAL NÃO PODE AGRADAR A DEUS.

Ninguém pode duvidar da primeira parte da afirmação acima. Pois, A última parte é claramente observável em Romanos. 8:8, que diz: “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”. Isto inclui a todos a quem Deus não deu uma nova natureza. Apenas os santos podem agradar a Deus, e ser santos significa que fomos “(1) separados (2) para um novo senhor (3) com um novo amor”.[4]

3. A CONVERSÃO É UMA BOA COISA, E NENHUMA BOA COISA EM RELAÇÃO A DEUS PODE PROCEDER DE UM CORAÇÃO NATURAL

Disse Paulo que não habitava nenhum bem em seu estado natural, ou seja, em sua natureza carnal (Rm. 7:18). E esta é a única natureza que o homem possui até que Deus lhe conceda uma nova. Em razão disso, a doação da nova natureza, ou vivificação, deve vir antes da conversão. Afirmar diferente é negar a depravação total, a qual significa que o pecado penetrou em cada parte do ser humano e envenenou suas faculdades naturais, mentais e espirituais, colocando o homem em estado naturalmente pecaminoso.

4.  A CONVERSÃO ENVOLVE SUBMETER-SE ALGUÉM À VONTADE OU À LEI DE DEUS. E ISSO NÃO É POSSÍVEL AO HOMEM NATURAL.

Essa impossibilidade ao homem natural está registrada na passagem que Paulo deixou aos cristãos romanos, no capítulo 8 e versículo 7, onde lemos: “Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar.”

5. A CONVERSÃO ENVOLVE RECEBER A CRISTO COMO SALVADOR DE UMA PESSOA, ELA É DE NATUREZA ESPÍRITUAL. ASSIM SENDO, O HOMEM NATURAL NÃO PODE RECEBER COISAS ESPÍRITUAIS.

Essa última verdade pode ser verificada em I Coríntios 2:14, é como segue: “Ora, a pessoa natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura. E ela não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. A verdade do poder salvador de Cristo pela fé é uma coisa do Espírito de Deus, a saber, uma coisa que o homem pode entender somente pela revelação do Espírito.

 

6. A CONVERSÃO ESTÁ LIGADA À FÉ, E A FÉ OPERA NO HOMEM PELO MESMO PODER QUE LEVANTOU JESUS DOS MORTOS.

Tal é a declaração de Efésios. 1:19,20, na qual lemos da “e qual é a suprema grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder. Ele exerceu esse poder em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos [...].”

7. A CONVERSÃO É UM VIVIFICAÇÃO ESPÍRITUAL, E COMO TAL A COMUNICAÇÃO DA VIDA DEVE PRECEDER, SEMPRE, A MANIFESTAÇÃO DA VIDA CRESCENTE.

A conversão é representada em Efésios. 2:4-6 como uma ressurreição espiritual, que diz: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossas transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça vocês são salvos — e juntamente com ele nos ressuscitou e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus”. O ressuscitar aqui representa a conversão.

EXEMPLOS DE CONVERSÃO NA BÍBLIA

1.      A mulher na casa de Simão (Lucas 7.36-50)

2.      Saulo de Tarso (Atos 9. 1-18)

3.      O carcereiro (Atos 16: 27-34)

CONCLUSÃO

A doutrina da conversão expressa a beleza de Deus, ela bela da mesma forma que muitas transformações são belas. Deus implantou a revelação da sua glória que é exercida na mudança da morte espiritual para a vida eterna. Toda conversão a Cristo resulta de finalmente o contemplarmos como o nosso Cristo, a oferta pela nossa salvação. (vide a conversão de Saulo)



[1] Myer Pearlman, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. p. 183

[2] A. H. Strong, Teologia Sistemática. p. 426

[3] David F. Wells. Volte-se para Deus. p.30

[4] Michael Lawrence, Conversão. p.76

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