Sei que
algumas pessoas sustentam — por um verdadeiro delírio de insensatez,
segundo me parece — que as palavras de Jesus pertencem a uma dispensação
da lei que completou-se com a sua morte e ressurreição, e que,
portanto, o ensino do Sermão do Monte, por exemplo, não se aplica à
dispensação da graça, na qual estamos vivendo.
Bem, que
os tais se voltem para o apóstolo Paulo, o apóstolo que ensinou que não
estamos debaixo da lei mas debaixo da graça. Que diz ele sobre o
assunto? Fala da lei de Deus como sendo algo sem validade nesta
dispensação da graça divina?
De modo
algum. No segundo capítulo de Romanos, bem como (por inferência) em
todas as demais epístolas suas, ele insiste na universalidade da lei de
Deus. Até mesmo os gentios, ainda que não conheçam aquela manifestação
clara da lei de Deus tal como era encontrada no Velho Testamento, têm a
lei de Deus escrita em seus corações, e são indesculpáveis quando
desobedecem.
Os
cristãos em particular, Paulo insiste, na verdade estão longe de poderem
emancipar-se do dever de obediência aos mandamentos de Deus. O apóstolo
considera qualquer idéia nesse sentido como o pior dos erros. Paulo
diz: "Ora, as obras da carne são conhecidas, e são: prostituição,
impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes,
iras, discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias,
e cousas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como
já outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais
cousas praticam".
Erro da
pior espécie é o de colocar os ensinos de Paulo e dos apóstolos em
oposição às palavras do Senhor, e imaginar que se contradizem mutuamente
ou referem-se a dispensações diferentes. Os evangelhos são a base sobre
a qual as epístolas constroem. O livro de Tiago, por exemplo, é como se
fosse um comentário do Sermão do Monte. Os que desejam consignar o
Sermão do Monte a uma outra era ainda têm de lidar com o fato de que
quase todos os seus princípios são reafirmados e expandidos mais tarde
por outros autores do Novo Testamento.
Embora o
evangelho não estivesse plenamente completado até a morte e ressurreição
de Jesus, os seus elementos todos aparecem claramente em sua pregação.
Cada um dos apóstolos, tendo escrito sob inspiração, sublinhou e ampliou
a verdade do evangelho segundo Jesus.
Fonte: LigaCalvinista
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