sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Poder de Deus


Não poderemos ter correto conceito de Deus, se não pensarmos nEle como
onipotente, igualmente como Onisciente. Quem não pode fazer o que quer e não
pode realizar o que lhe agrada, não pode ser Deus. Como Deus tem uma
vontade para decidir o que julga bom, assim tem poder para executar a Sua
vontade. "O poder de Deus é aquela capacidade e força pela qual Ele pode
realizar tudo que Lhe agrade, tudo que a Sua sabedoria dirija, e tudo que a
infinita pureza da Sua vontade resolva. "... como a santidade é a beleza de todos
os atributos de Deus, assim o poder é aquilo que dá vida e movimento a todas
as perfeições da natureza divina. Como seriam vãos os conselhos eternos, se o
poder não interviesse para executá-los! Sem o poder, a Sua misericórdia seria
apenas uma débil piedade, as Suas promessas um som vazio, as Sua ameaças
mero espantalho. O poder de Deus é como Ele mesmo: infinito, eterno,
incompreensível; não" pode ser refreado, nem restringido, nem frustrado pela
criatura” (S. Charnock).
“Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus"
(Salmo 62:11). "Uma coisa disse Deus", ou segundo a versão autorizada, KJ,
1611, "Uma vez falou Deus": nada mais é necessário! Passarão os céus e a
terra, porém a Sua palavra permanece para sempre. "Uma vez falou Deus":
como Lhe fica bem a Sua majestade divina! Nós, pobres mortais, podemos falar
muitas vezes e, contudo, sem sermos ouvidos. Ele fala somente uma vez, e o
trovão do Seu poder é ouvido em mil montanhas. “E o Senhor trovejou nos
céus, o Altíssimo levantou a sua voz; e havia saraiva e brasas de fogo. Despediu
as suas setas, e os espalhou: multiplicou ratos, e os perturbou, Então foram
vistas as profundezas das águas, e foram descobertos os fundamentos do
mundo; pela tua repreensão, Senhor, ao soprar das tuas narinas" (Salmo
18:13-15).
"Uma vez falou Deus": vede a Sua imutável autoridade. “Pois quem no céu
se pode igualar ao Senhor? Quem é semelhante ao Senhor entre os filhos dos
poderosos?" (Salmo 89:6). "E todos os moradores da terra são reputados em
nada; e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores
da terra: não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?" (Daniel
4:35), Esta realidade foi amplamente descortinada quando Deus Se encarnou e
tabernaculou entre os homens. Ao leproso Ele disse: “...sê limpo. E logo ficou
purificado da lepra" (Mateus 8:3). A um que jazia no túmulo já fazia quatro
dias, Ele bradou: "... Lázaro, sai para fora. E o defunto saiu..." (João 11:43-44).
Os ventos tempestuosos e as ondas bravias se aquietaram a uma só palavra
dEle, Uma legião de demônios não pôde resistir à Sua ordem repassada de
autoridade.
"O poder pertence a Deus", e somente a Ele. Nem uma só criatura, no
universo inteiro, tem sequer um átomo de poder, salvo o que é delegado por
Deus. Mas o poder de Deus não é adquirido, nem depende do reconhecimento
de nenhuma outra autoridade. Pertence a Ele inerentemente. "O poder de Deus
é como Ele mesmo, auto-existente, auto-sustentado. O mais poderoso dos
homens não pode acrescentar sequer uma sombra de poder ao Onipotente. Ele
não se firma sobre nenhum trono reforçado; nem se apóia em nenhum braço
ajudador. Sua corte não é mantida por Seus cortesãos, nem toma Ele
emprestado das Suas criaturas o Seu esplendor. Ele próprio é a grande fonte
central e o originador de toda energia" (C. H. Spurgeon). Toda a criação dá
testemunho, não só do grande poder de Deus, mas também da Sua inteira
independência de todas as coisas criadas. Ouça o Seu próprio desafio: "Onde
estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência,
Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?
Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de es-
quina?” (Jó 38:4-6). Quão completamente o orgulho do homem é lançado ao pô!
"Poder é usado também como um nome de Deus, "...o Filho do homem
assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu*' (Marcos
14:62), isto é, à destra de. Deus. Deus e poder são tão inseparáveis que são
recíprocos. Como a Sua essência é imensa, não pode ser confinada a um lugar;
como é eterna, não pode ser medida no tempo; assim a Sua essência é todo-
poderosa, não sofrendo limite para a ação" (S. Charnock). "Eis que isto são
apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele!
Quem pois entenderia o trovão do seu poder?" (Jó 26:14). Quem é capaz de
contar todos os monumentos do Seu poder? Mesmo aquilo que é demonstrado
do Seu poder na criação visível está inteiramente fora da nossa capacidade de
compreensão, e menos ainda podemos conceber da onipotência propriamente
dita. Há infinitamente mais poder abrigado na natureza de Deus do que o
expresso em todas as Suas obras.
"Partes dos Seus caminhos" contemplamos na criação, na providência, na
redenção, mas apenas uma "pequena parte" do Seu poder se vê nessas obras.
Isto nos é exposto extraordinariamente em Habacuque 3:4: "... e ali estava o
esconderijo da sua força". Dificilmente se pode imaginar algo mais
grandiloqüente do que as figuras deste capítulo todo, no entanto nele nada
supera a nobreza desta declaração. O profeta (numa visão) viu o poderoso Deus
espalhando os outeiros e abatendo os montes, o que se julgaria espantosa
demonstração de força. Nada disso, diz o nosso versículo; isso é mais o
ocultamento do que a exibição do Seu poder. Que se quer dizer? Isto: é tão
inconcebível» tão imenso, tão incontrolável o poder da Deidade, que as terríveis
convulsões que Ele opera na natureza escondem mais do que revelam do Seu
poder infinito!
É coisa bela juntar as seguintes passagens: "O que só estende os céus, e
anda sobre os altos do mar" (Jó 9:8), que expressa o indomável poder de Deus.
"...Ele passeia pelo circuito dos céus” (Jó 22:14), que fala da imensidade da Sua
presença. "...anda sobre as asas do vento" (Salmo 104:3), que expressa a
espantosa rapidez das Suas operações. Esta última expressão é deveras
notável, Não é que "Ele voa” ou'"corre", mas que Ele “anda", e isso, nas "asas do
vento" — sobre o mais impetuoso dos elementos, impelido com o máximo furor,
e varrendo tudo com quase inconcebível velocidade, todavia sob os Seus pés,
debaixo do Seu controle perfeito!
Consideremos agora o poder de Deus na criação. "Teus são os céus, e tua
é a terra; o mundo e a sua plenitude tu os fundaste. O norte e o sul tu os
criaste..." (Salmo 89:11-12). Antes de poder trabalhar, o homem precisa ter
ferramentas e material, mas Deus começou com nada, e só por Sua palavra fez
do nada todas as coisas. O intelecto não pode captar isto. Deus "... falou, e tudo
se fez, mandou, e logo tudo apareceu" (Salmo 33:9). A matéria primeva ouviu a
Sua voz. "Disse Deus: Haja... e assim foi" (Gênesis 1). Bem podemos exclamar:
"Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e elevada a tua destra" (Salmo
89:13).
Quem, que olha para cima, para o céu da meia-noite e, com os olhos da
razão, contempla as suas maravilhas em movimento; quem pode abster-se de
indagar: do que foram feitos estes poderosos astros? Ê espantoso dizê-lo, foram
produzidos sem material nenhum. Brotaram do vazio. A majestosa estrutura da
natureza universal emergiu do nada. Que instrumentos foram usados pelo
supremo Arquiteto para modelar as partes com tio refinada elegância e aplicar
tão belo polimento ao todo? Como terá sido feita a junção de tudo numa
estrutura primorosamente proporcionada e com tão magnífico acabamento? Um
puro e simples fiat realizou tudo. Haja estas coisas, disse Deus. Nada
acrescentou; e logo o edifício maravilhoso se ergueu, adornado com todo tipo de
beleza, pondo à mostra inumeráveis perfeições, e proclamando em meio a
extasiados serafins o louvor do seu grande Criador. "Pela palavra do Senhor
foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca" (Salmo
33:6)" (James Hervey, 1789),
Considere-se o poder de Deus na preservação. Nenhuma criatura tem
poder para preservar-se a si mesma. "Porventura sobe o junco sem lodo? Ou
cresce a espadana sem água?" (Jo 8:11). Tanto o homem como o animal
pereceriam, se não houvesse erva para alimento, e a erva murcharia e morreria,
se o solo não fosse refrescado com chuvas frutíferas. Portanto, Deus é
denominado o Preservador dos "homens e os animais" (Salmo 36:6), Ele sus-
tenta "... todas as coisas, pela palavra do seu poder..." (Hebreus 1:3). Que
maravilha de poder divino é a vida pré-natal de todo ser humano! Que uma
criança possa sequer viver, e por tantos meses, num alojamento apertado e
estranho assim, é inexplicável sem o poder de Deus. Verdadeiramente, Ele "...
sustenta com vida a nossa alma..." (Salmo 65:9).
A preservação da terra, guardando-a da violência dos mares é outro claro
exemplo do poder de Deus. Como é que aqueles elementos em fúria ficaram
encerrados dentro daqueles limites em que primeiro se alojaram, permanecendo
em suas baías e canais sem inundar a terra e sem fazer em pedaços a parte
mais baixa da criação? A condição natural da água é ficar acima da terra, por
ser mais leve, e imediatamente abaixo do ar, por ser mais pesada. Quem põe
restrições à qualidade natural da água? O homem certamente que não, e não
tem poderes para tanto. Ê unicamente o fiat do Criador da água que a refreia.
"E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se quebrarão as tuas ondas
empoladas" (Jó 38:11). Que altaneiro monumento ao poder de Deus é a
preservação do mundo!
Considere-se o poder de Deus no governo. Tome-se a restrição que Ele
impõe à ruindade de Satanás, " .., o diabo, vosso adversário, anda em derredor,
bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1 Pedro 5:8). Satanás
está cheio de ódio a Deus, e de diabólica inimizade contra os homens,
particularmente contra os santos. Aquele que invejou a Adão no paraíso, não
quer que sintamos o prazer de usufruirmos nenhuma das bênçãos de Deus. Se
ele pudesse fazer o que deseja, trataria todos os homens como tratou Jó:
enviaria fogo do céu sobre os frutos da terra, destruindo o gado» faria vendavais
derribarem nossas casas, e cobriria de chagas os nossos corpos. Mas, embora
mal percebido pelos homens, Deus o refreia em grande medida, impede-o de
levar a cabo os seus maus desígnios, e lhe impõe limites dentro das Suas
ordenações.
Assim também Deus restringe a corrupção natural dos homens. Ele
suporta suficientes erupções do pecado para mostrar que terríveis estragos têm
sido causados pela apostasia do homem, que rompeu com o seu Criador, mas
quem pode conceber a que medonho extremo os homens iriam se Deus
retirasse a Sua mão repressora? A boca dos ímpios "... está cheia de maldição e
amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue" (Romanos 3:14-15).
Esta é a natureza de cada um dos descendentes de Adão. Então, que
desenfreada licenciosidade e obstinada loucura triunfariam no mundo, se o
poder de Deus não se interpusesse para fechar as comportas do mal! Ver Salmo
93:3-4.
Considere o poder de Deus no juízo. Quando Ele fere, ninguém Lhe pode
resistir: ver Ezequiel 22:14, Quão terrivelmente isso foi exemplificado no
Dilúvio! Deus abriu as janelas do céu e rompeu as grandes fontes do abismo, e
(excetuando-se os que estavam na arca) a raça humana inteira, impotente
diante do furor da Sua ira, foi tragada. Uma chuva de fogo e enxofre caiu do
céu, e as cidades da planície foram exterminadas. O Faraó e todos os seus
exércitos nada puderam, quando Deus soprou sobre eles no Mar Vermelho. Que
palavra terrificante, a de Romanos 9:22: "E que direis se Deus, querendo
mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência
os vasos da ira, preparados para a perdição". Deus manifestará o Seu tremendo
poder sobre os reprovados, não apenas encarcerando-os na Geena, mas
preservando sobrenaturalmente os seus corpos como também as suas almas
em meio às chamas eternas do Lago de Fogo,
Bem que deveriam tremer todos, diante de um Deus tal! Tratar
desconsideradamente Aquele que pode esmagar-nos mais facilmente do que nós
a uma traça, é suicídio. Desafiar abertamente Aquele que esta revestido de
onipotência, que pode rasgar-nos em pedaços ou lançar-nos no inferno na hora
que quiser, é o cúmulo da insanidade. Para reduzi-lo ao seu plano mínimo, é
simplesmente parte da sabedoria dar ouvidos à Sua ordem: "Beijai o Filho, para
que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se inflamar a sua ira..."
(Salmo 2:12),
Bem que a alma iluminada deve adorar um Deus tal! As estupendas e
infinitas perfeições de um Ser como Deus requerem fervoroso culto. Se homens
de poder e renome reclamam a admiração do mundo, quanto mais deve o poder
do Onipotente encher-nos de assombro e mover-nos a prestar-Lhe homenagem.
"O Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em
santidade, terrível em louvores, obrando maravilhas?" (Êxodo 15:11).
Bem que o santo pode confiar num Deus tal! Ele é digno de implícita
confiança. Nada Lhe é demasiado difícil, Se Deus fosse limitado em poder e
força, aí sim, poderíamos ficar desesperados.
Mas, vendo que Ele Se reveste de onipotência, nenhuma oração ê tão
difícil que Ele não possa responder, nenhuma necessidade é tão grande que Ele
não possa suprir, nenhuma cólera é tão forte que Ele não possa subjugar,
nenhuma tentação é tão poderosa que Ele não nos possa livrar dela, nenhuma
miséria é tão profunda que Ele não possa aliviar, “... o Senhor é a força da
minha vida; de quem me recearei?" (Salmo 27:1). "Ora, àquele que é poderoso
para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou
pensamos, segundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus
Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém" (Efésios 3:20-21).

Extraído do livro " Os Atributos de Deus" de A. W. Pink.
Compre aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário