Eu estou usando cada vez mais a expressão “marxismo cultural”, e me ocorreu que não devo simplesmente presumir que leitores e ouvintes saibam o que significa. Tentarei explicar o básico de forma simples e breve. Se você tem dúvidas, por favor, poste-as na sessão de comentários ou no facebook.
Karl Marx, Leon Trotsky e V. I. Lenin viam que a base de toda
existência humana como econômica. Esta foi a filosofia social e
política da antiga União Soviética. É chamada de marxismo
clássico ou econômico. Esta forma de Marxismo não é tão popular
hoje em dia (exceto na Corea do Norte). Por contraste, você pode ter
ouvido de marxistas como Gramsci, Lukás, Sartre e Marcuse. Eles
estão entre os primeiros marxistas culturais. A visão deles de
marxismo foi projetada para apelar e ter sucesso nas sociedades do
Ocidente. Eles sabiam que o marxismo econômico provavelmente não
venceria no Ocidente (é por isso que sua revisão é às vezes
chamada de marxismo ocidental). Por um lado, eles duvidam que a
classe trabalhadora se levantaria em uma revolução violenta como
fizeram na Rússia em 1917; a maioria dos trabalhadores estavam
satisfeitos com a vida na maioria das vezes, para vencer no ocidente,
você precisaria de um marxismo adequado para o ocidente, um que
levasse em conta o modo de pensar do Ocidente. Liberdade,
fraternidade e igualdade, palavras de ordem do Ocidente, ideias que
eles poderiam exigir para vencer o dia. Eles se engajariam na “longa
marcha através das instituições”, palavras erroneamente
atribuídas a Gramsci, porém certamente a estratégia do marxismo
cultural. Eles reinventariam o significado de fraternidade, liberdade
e igualdade para seduzir os ocidentais, e gradativamente capturar a
cultura deles.
Libertação Humana
Diferente dos marxistas originais, eles sustentavam que o principal
problema da humanidade não é econômico. É que as ideias e
instituições da sociedade nos impedem de cumprir a boa vida. O que
é boa vida? É ser capaz de ser exatamente o que queremos ser, viver
exatamente como queremos viver – com máximo de autonomia. Cada
indivíduo deve ser um artista, mas em um sentido básico e profundo.
Cada pessoa deve ser capaz de pintar sua própria vida, seu próprio
significado, sua própria liberdade. O mundo deveria ser a tela sobre
a qual a pessoa desenha a si mesmo.
Infelizmente nossa sociedade conspira para limitar nossa autonomia.
Instituições tradicionais como a família, igreja e empresas
comandam nossa fidelidade. Esposos lideram famílias, pais dirigem
filhos, clérigos discipulam leigos, empregados cumprem as exigências
de seus empregadores. Isto significa que eles reduzem sua autonomia.
Portanto, vivemos vidas artificiais, irreais e infelizes para nos
conformamos a essas instituições e expectativas culturais. Somos alienados de nossos “verdadeiros eus”. Os marxistas sempre
estiveram preocupados em libertar o verdadeiro eu real do ambiente
cultural que o reprime. Esse poderia ser ateu, exibicionista,
homossexual, transgénero, bestial ou solitário; porém de qualquer
forma, esse eu encontro resistência na cultura tradicional. Para ser
verdadeiramente livre, a cultura tradicional deve ser marginalizada
ou esmagada.
Uma metáfora estendida pode ajudar. Imagine milhares de sementes
minúsculas, cheias de potencial florescente e frutífero, porém
nunca realizarão esse potencial, pois estão em solo duro, gelado e
quase impenetrável. Imagine mais um simpático fazendeiro que vem
com um arado maciço e fende o solo, as águas e os fertilizantes
para que as sementes possam finalmente brotar para cima.
As sementes nesta metáfora são os humanos quando entram no mundo,
mas estamos sufocados pelo solo duro e congelado, que não nos
permite liberar o potencial de nosso verdadeiro eu. Este solo é a
nossa sociedade, especialmente as nossas principais instituições
culturais, como a família, igreja e as empresas. Devemos ser livres
para brotar, crescer e exibir ao mundo toda a nossa beleza autônoma.
O que precisamos é de um arado para quebrar esse solo duro e tirá-lo
do caminho.
Em nossa metáfora, esse arado é o estado. É por isso que os
marxistas culturais são estatistas. Não é simplesmente porque amam
o poder. Eles querem poder estatal para que possam destruir a
autoridade tradicional, especialmente o Cristianismo, que justifica e
produz essa autoridade. Para os marxistas culturais, o que tem sido
chamado de liberdade no Ocidente, definido como ausência de coerção
política, tornar-se a verdadeira libertação, a imposição de
coerção política para garantir a autonomia humana. Libertação se
torna liberdade das instituições que nossa sociedade outorga a
liberdade de nos escravizar. O estado deve pulverizar todas as
barreiras ao nosso verdadeiro eu.
Consciência de Classe
Como os marxistas instigam esta libertação? Como eles envolveram o
estado em sua cruzada de libertação? Principalmente ao dividir
pessoas em diferentes classes e fomentar conflito, alegando que todas
as classes devem lutar pela igualdade. Isto se chama consciência de
classe. Nos dias de Marx, os opressores era a burguesia (elites,
proprietários de empresas), e os oprimidos era o proletariado
(empregados, “escravos assalariados), que exigiam igualdade. Por
igualdade, o marxista cultural não quer dizer igualdade de condição
– isto é, eles não querem dizer que todos devem jogar pelas
mesmas regras. Em vez disso, acreditam em igualdade de resultados –
as regras devem ser inclinadas para que todos façam as mesmas
coisas. Hoje a consciência de classe é conhecida como “política
de identidade), e as classes que lutam são expandidas – homens
versus mulheres, brancos e asiáticos versus negros e/ou hispânicos,
filhos versus pais, geração do milênio versus meia idade, ricos
versus pobres e “classe média”, cosmopolitas versus
nacionalistas e outras categorias binárias. Os marxistas culturais
retratam o polo do binário (mulheres, homossexuais, mileniais,
negros) como oprimidos, e exigem que o estado os liberte de seus
opressores. Opressão aqui quase nunca significa escravidão, abuso
ou agressão. Em vez disso, significa desrespeito, desaprovação ou
desigualdade social. Se, por exemplo, homossexuais não são tão
respeitados quanto os heterossexuais, eles são oprimidos e merecem a
libertação coagida do estado. Isto é de onde vêm os novos códigos
de fala do campus. Os mais novos oprimidos definidos (mileniais) não
são intitulados para serem ofendidos por palavras da classe
opressora (brancos mais velhos, professores, homens).
A libertação se torna a liberdade das instituições a quem
nossa sociedade outorga a liberdade para nos escravizar
Com o tempo esta libertação humana vê a própria natureza como um
opressor. Como os gnósticos de antes, a criação é má, e é uma
barreira para a boa vida. Partes do corpo masculino ou feminino são
opressoras. A “cirurgia de resignação sexual” deve se tornar
“cirurgia de afirmação de gênero”. Um homem se torna uma
mulher que em seguida se torna um dragão. Este é o extremo caso,
mas não inconsistente. É simplesmente o último caso de libertação
e, a menos que esta grande marcha social seja interrompida, não
devemos esperar que a dragonização do homem seja o exemplo mais
extremo de libertação no futuro.
Progresso pelo conflito
É neste conflito de classe que se produz progresso cultural. Os
marxistas sempre acreditaram que a vida está por toda parte cheia
de forças opostas, e a colisão destas forças traz uma realidade
maior e melhor. Os liberais de hoje gostam de ser conhecidos como
“progressivos”, e o progresso que eles querem é a libertação
humana (=autonomia). Esse progresso vem apenas pelo conflito. Assim o
conflito é uma boa coisa, e as elites deveriame estar promovendo
conflitos em todos os lugares. Se você quer uma sociedade melhor,
você precisa espalhar o conflito para conseguir – conflito
incessante, violento se necessário. O obejtivo dos lançamentos de
comicios e campanhas no Twiter para desafiar a “hegemonia”
(palavra favorita de Grasmci) dos homens, pais, brancoss,
heterossexuais, asiáticos e Wall Street, é criar um conflito que
termine na libertação das classes oprimidas e um mundo melhor,
todos (exceto os opressores mencionados, que serão despojados e
desprivilegiados) defrutarão a boa vida.
E todos levados, claro, pelo marxismo cultural, magicalmente no topo
do monte igualitário.
Fonte: https://docsandlin.com/2018/04/23/cultural-marxism-simply-explained/
Fonte: https://docsandlin.com/2018/04/23/cultural-marxism-simply-explained/
Tradução: Eudmarly Sena
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